Viram isso? Reportagem do New York Times aborda consumo de produtos de beleza por crianças

A preocupação excessiva com a aparência não é novidade. O que é relativamente novo é a relação das crianças com o problema. Por que isso vem afetando cada vez mais meninas e meninos ainda pequenos e já tão preocupados com o que vestem ou usam em busca de uma beleza inalcançável? Os motivos são muitos, mas uma matéria publicada recentemente no jornal americano The New York Times e reproduzida nesta semana no MSN Brasil traz uma reflexão importante sobre adultização da infância e consumismo.

Além de todas as revistas e celebridades que injetam uma boa dose de insegurança nas crianças e pré-adolescentes que não estão dentro do “padrão de beleza”, a reportagem ainda chama a atenção para os inúmeros produtos que surgem todos os dias no mercado. “As crianças querem, a gente faz”. Esse é um raciocínio bastante comum quando um fabricante ou um prestador de serviços é questionado sobre a necessidade de vender maquiagem para crianças, por exemplo. Mas, a pergunta que se deve fazer é: isso é ético?

A matéria é muito sutil ao criticar o massivo investimento do mercado nos tweens (ou pré-adolescentes). “Vagamente definida entre os oito e 14 anos, a pré-adolescência já virou alvo publicitário e ganhou vários produtos. Em fevereiro de 2011, chegou ao mercado a GeoGirl, uma coleção que usa ingredientes naturais como extrato de alcaçuz, chá verde e vitamina E – e já criou polêmica, com os críticos horrorizados com a venda de produtos anti-idade para crianças”, diz a reportagem. Trata-se de uma linha revendida no Walmart que o Instituto Alana questionou no ano passado.

E lá pelo meio do texto, a jornalista coloca o desafio: “[para o mercado] qual é o limite entre a categoria pré-teen e a adolescente e adulta?” Você, leitor ou leitora do nosso blog, saberia responder? Será que de fato há um tratamento diferenciado entre o público infanto-juvenil e o adulto? A impressão é que o mercado como um todo almeja criar uma grande massa consumidora e fidelizar o cidadão do berço ao túmulo, como dizem os americanos. A indústria de beleza segue essa tendência e não abre mão do lucro em nome de uma infância plena e saudável.