O apartheid do consumo

O mundo vai de mal a pior mesmo. Ontem, 4 de abril, foi o último dia de desfile do Fashion Weekend Kids, que em sua 12ª edição atraiu mães e filhas fissuradas em grandes marcas. Nada contra o mercado de moda infantil, que certamente tem produções interessantes e muita coisa bacana para um público que precisa de peças confortáveis para correr, brincar, pular e se sujar sem medo de ser feliz. O problema é que temos visto outro tipo de preocupação…

Em matéria publicada no Estadão, mães e tias de meninas entre 5 e 9 anos mostram que a cultura do consumo chegou ao limite. “A minha filha quer óculos Chanel, Prada. A gente gosta de coisa boa, eles aprendem”. Recapitulando: aprendem o que?

É no mínimo cruel que meninas tão pequenas cresçam pautadas por valores segregadores, em que o ter prevalece ao ser. Também é muito assustador que depois de tantas conquistas importantes no que diz respeito a uma visão humanista e democrática vejamos um retrocesso tão brutal na forma de pensar. Não será uma surpresa no dia em que acordamos num verdadeiro “apartheid do consumo”.