Deputado Emiliano José se manifesta contra parecer do Conar

O deputado Emiliano José (PT-BA) fez discurso ontem em Plenário, manifestando-se a favor do Instituto Alana  e repudiando a atitude do CONAR. O deputado se coloca não só contra o arquivamento da denúncia do Instituto Alana – para ele, considerado um “equívoco” – mas também debate os argumentos explicitados no parecer do CONAR, que, a seu ver, foi “inaceitável”. O político ainda relata sua falta de confiança na autorregulamentação: “não confio na possibilidade de a autorregulamentação ser suficiente para conter os abusos”, afirma.

Leia abaixo alguns trechos do discurso do deputado Emiliano José, e confira a íntegra no site da Câmara dos Deputados.

“‘Da mesma forma que Suécia e Dinamarca tem por base evitar que suas crianças de olhos azuis fiquem gordinhas, o Brasil tem por base acabar com a desnutrição dos nossos meninos moreninhos.’ Perceberam, senhores deputados, nossos meninos moreninhos. Não sei sequer se Basílio é branco ou negro, sei que fala como um senhor de engenho, com a mentalidade da Casa Grande. Quem seriam os moreninhos dele? Seriam as crianças negras brasileiras? Apenas um eufemismo para reconhecer nossa negritude infantil? Quem sabe. A Casa Grande nunca descansa.

Reconhece que a propaganda leva as crianças a perturbar os seus pais para que comprem. Mas crianças, na opinião dele, foram feitas para azucrinar. É isso mesmo, crianças foram feitas para azucrinar, é isso que ele escreveu. E azucrinar depois de estimuladas pela publicidade. As crianças viram aríetes do consumo, num abuso completo da ingenuidade infantil, da sua credulidade, da sua vulnerabilidade.

Creio que o Conar, com esse voto, referendado pelas Primeira e Sétima Câmaras, está revelando o quanto está distante de efetivamente regulamentar a publicidade brasileira e evitar os seus abusos. E, além disso, diante de representações sérias, como a do Instituto Alana, tem uma atitude preconceituosa, odiosa, que vai nos levando a firmar posição, cada vez mais, de que há a necessidade urgente de legislação que regule a publicidade brasileira no que se refere às crianças. Quero, ao final, manifestar minha solidariedade ao Instituto Alana e repudiar veementemente as agressões de que foi vítima. O Instituto merece, de nossa parte e das crianças brasileiras, o mais profundo respeito.