Teatro infantil tem “trailer” com publicidade

Teatro infantil é um programa ótimo para quem tem filhos pequenos.  As crianças ficam quase hipnotizadas com a encenação de atores ali, ao vivo e a cores. Quando eu era pequena, assistir a uma peça era um acontecimento. A magia estava em tudo: na entrada do teatro, sempre coberto de glamour por mais capenga que fosse, nos três sinais que tocavam anunciando o início do espetáculo.

Hoje, sou mãe de uma menina muito querida de 4 anos. Ela começou a freqüentar peças de  teatro aos 2 e meio. Não foram muitas, é verdade. Mas algumas muito legais, em espaços alternativos voltados para o público infantil.

Há duas semanas fomos pela primeira vez a um teatro mais pop, em um shopping de São Paulo. Se arrependimento matasse… Depois de 15 minutos rodando pelo estacionamento (parece pouco, mas engolindo fumaça é uma eternidade!), subimos até a praça de alimentação, onde fica o tal teatro. Caos. Mal dava para andar.

Pensei: “na hora que entrarmos vai passar”. Doce ilusão. Com cadeiras amontoadas, sentamos lá no fundo, em uma espécie de puxadinho, onde dava para ver mais cabeça do que palco. Daí, a grande decepção… Desce uma tela de plasma do teto e começa a sessão comercial. Uma publicidade atrás da outra: carro, celular, sabão em pó.

Aquele não é lugar de passar publicidade. Grande parte dos comerciais era voltada ao público adulto. E daí? Minha filha estava sentadinha ali ao meu lado, sendo exposta a tudo. E a peça era infantil! Nem fui avisada para poder me prevenir.

Esse é um daqueles casos em que nos sentimos verdadeiramente invadidos e desrespeitos pelos apelos mercadológicos. Nada contra publicidade. Eu reconheço que algumas são ótimas! Só que, em primeiro lugar, não fomos ao teatro para ver publicidade. São espaços culturais, onde deveríamos consumir sim, mas consumir cultura e entretenimento.  Depois, minha filha, de apenas 4 anos, que é espertíssima mas ainda não tem senso crítico, ficou assistindo àquilo sem nem entender para que servia.  Foi a prova concreta de que crianças não estão preparadas para enfrentar os apelos comerciais.